
A esperança volta a nascer
Quando, há alguns anos, o Partido Socialista assumiu o governo do nosso país, muita gente pensou, e estou convencido de que o próprio também, que seria praticamente impossível ele voltar a ter um papel político em Portugal.
Tinha assumido a responsabilidade de chefiar um governo em coligação com o CDS, que foi quem recuperou económica e financeiramente o nosso país, mas, por isso, tinha sido também a face responsável pela política de sofrimento e de contenção necessária para voltar a tornar Portugal num país credível.
E foram passando os anos e a realidade foi criando cada vez mais a ideia de que o país podia ser gerido sem o rigor e a contenção do passado e que todas as políticas de caráter mais exigente, que permitem levar um país ao desenvolvimento, eram apenas má vontade e que eram completamente dispensáveis.
É verdade que a abertura da política económica com o relaxamento daquele rigor e da contenção, ajudadas por vários efeitos de crescimento económico que se registaram no Mundo em geral, acabou por permitir aos governos em atividade prosseguir numa política de maior facilitismo e que pouco apostou nas verdadeiras reformas para assegurar o futuro.
Bem à nossa maneira, aproveitámos bem para gastar o que recebemos, mas não investimos esse valor na criação do que nos poderia garantir o futuro.
Com a perda sistemática de credibilidade que se tem vindo a verificar nas instituições públicas, seja pelos casos conhecidos que envolvem membros do governo, das autarquias, das empresas a públicas ou detidas pelo Estado e pelas greves sistemáticas de vários setores que aumentam a sua presença no dia a dia dos cidadãos portugueses, a verdade é que começa a haver uma maioria de descontentes que anseiam por alguém que lhes traga de novo a segurança e a solidez para voltar a dar a Portugal uma vida de respeito, cuidado e segurança que lhes permita voltar a acreditar no seu país.
É neste momento que vejo mudar totalmente a possibilidade de ver Pedro Passos Coelho a voltar a assumir um lugar de comando nos destinos do nosso país.
É um garante da seriedade, do rigor, da reforma e também, através da sua ligação forte ao partido que lhe foi aliado, consegue aglutinar as perspetivas de uma larga parte do eleitorado da direita que, nos últimos anos, procurou soluções diferentes e que se sente ainda hoje órfão daquilo que gostaria de ter como solução política para o seu voto.
A possibilidade de voltar a ver Passos Coelho como candidato a levar os destinos de Portugal tornou-se atrativo de novo para muitos eleitores da direita, tornou-se um perigo para uma manutenção da esquerda na governação e para os partidos mais extremistas que beneficiaram da frustração da inexistência de propostas credíveis nos partidos tradicionais da direita.
Mas a possibilidade de voltar a ter Pedro Passos Coelho resulta essencialmente da descredibilização das estruturas institucionais do nosso país.
Não sei se Pedro Passos Coelho estará disponível para voltar a responsabilizar-se pelo país que o deixou cair, mas se vier a estar vale a pena pensar que essa volta terá que se propor, em primeiro lugar, a incluir todos aqueles que se revêm numa solução baseada em valores e terá de contar com o apoio dos partidos que com ele poderão assegurar uma estabilidade para a execução dessas políticas.
Deverá também equacionar as reformas essenciais à modernização da economia portuguesa, focar-se numa política de impostos competitivos e eficientes.
Terá de promover a melhoria da justiça e terá de solucionar o problema dos professores e o problema da saúde.
Terá de tratar de forma direta e revolucionária a questão da distribuição da riqueza criada, de forma a tornar beneficiários dessa riqueza os portugueses em geral e assegurando com isso um aumento da produtividade.
Terá de ser capaz de unir um país, incluindo a todos e não deixando ninguém cair, mas sempre tornando cada um responsável por participar na vida e na sustentabilidade de Portugal, diminuindo gradualmente a política de criação de indigentes que tem sido seguida.
Tem que nos dar a esperança de que nos valerá a pena acompanhá-lo para bem de todos nós.